segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dica de Leitura

A mineira Angela-Lago reconta com maestria e encantamento o mito de Eros e Psiquê com um livro que envolve o leitor da capa à quarta capa e o faz sonhar e repensar os próprios desafios da vida. Angela logo de início descortina diante de nós um céu estrelado e toda a poesia que o infinito inspira. Divinamente ilustrado e com recursos gráficos primorosos, Psiquê, publicado em 2010 pela CosacNaify, abre as janelas do imaginário e conquista não apenas o olhar! Uma leitura em voz alta nos permite viajar com o som de cada palavra, o tatear da capa, nos dá a sensação mágica de tocar estrelas e a história, tão bem representada pelos traços, cores e pelo texto bem cuidado de Angela, revela num clima lúdico e intimista a gradiosidade de uma obra de arte. Sim, uma obra de arte completa! Sobre o céu na capa do livro, em que o papel preto perfurado sobre uma folha prateada, Angela fala numa entrevista ao site da editora: "O céu estrelado me lembra que faço parte de um universo sem fim.
Na mesma entrevista, a autora fala sobre o livro e poetiza até para definir o que a levou a recontar desta forma uma história tão bela quanto a da princesa: 
"Psiquê é um mito de travessia e individuação, para usar um conceito de Jung [Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço fundador da psicologia analítica]. Como Psiquê, cada criança enfrenta o abismo diante do desconhecido. Lança-se ao amor sem conhecer o seu rosto e acende luzes proibidas. Depois aprende a tarefa das formigas para sobreviver. A maleabilidade dos juncos à beira das águas para não se quebrar. A distanciar-se como um pássaro para compreender os perigos. Muitas vezes, desce ao seu inferno pessoal, porque a vida não é fácil. Precisamos todos dessa travessia para entendermos o que carregamos em nós – na falta de outra palavra, eu chamaria de divindade."
Angela diz ainda que buscou a simplicidade máxima na construção da história e explica o que tentou expressar nas ilustrações, não sem se surpreender com o resultado do que o livro criou:

"Enquanto fiz os desenhos, vi a mim mesma espelhada na tela do computador e compreendi o tanto que me confundia com a história. Adorei a página prateada que foi acrescentada ao livro, porque imaginei o leitor se vendo refletido ali e fazendo o mesmo."

"...se o leitor olhar com cuidado, vai descobrir que a cama dos amantes é ora um campo de flores, ora um mar ou o céu estrelado.

Que os dejetos no rio foram copiados da fotografia dos sapatos deixados ao lado dos fornos nos campos de concentração.

Também usei asas de borboleta para desenhar todo o castelo, mas não é visível. Em grego Psiquê é a palavra para borboleta. O último alento: antes de morrermos, uma borboleta nos escapa."

A entrevista completa você pode conferir aqui. As fotos São do livro e estão no site da escritora.

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