segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Dica de Leitura

Aqui no Cerrado a semana começou com um friozinho cantando nas frestas dos vidros da casa, chuva fina e nuvens no céu. Acordei pensando na Dica de Leitura e pensei que o vento que assobia meio assustador pra quem não está acostumado era um sinal de que a Dica de hoje tinha que ter algo de mistério pairando no ar. Faço então o convite pra que todos embarquem em mais uma divertida e desta vez quase assombrosa história do Jonas Ribeiro:

 O Baile das caveiras é livro que faz sacudir os ossos, mas de rir, de imaginar e de dançar com o non-sense tão especial que Jonas nos apresenta na história de um garoto que narra a paixão de sua avó Sebastiana pela dança. qualquer semelhança com o o autor não será mera coincidência, quem já viu o Jonas sacudir seu esqueleto em salões e pistas de dança, entende bem e pode até achar que a vó Sebastiana é o próprio Jonas. A danada tira a pele de gente e fica só a caveira pra aproveitar os bailes animados do além e deixa um rastro de muitas intrigas. Com ilustrações não menos divertidas de Cris Alhadeff e publicado pela Franco Editora, O Baile das Caveiras é um livro gostoso de ler, até o papel parece guardar um prazer especial, que ao ser folheado agrada ao tato e à visão de uma forma bem especial. O livro tem um pouco de tudo, humor, suspense, fantasia e fala da morte de um jeito tão poético, que não tem como não encantar. Jonas situa sua narrativa naquele tempo da imaginação onde tudo é possível, mas faz isso sem deixar de falar com a meninada de hoje, super antenada com as tecnologias e, sabem pra quem o livro é dedicado? Para o Sidney Magal, que segundo Jonas, faz tanta gente balançar o esqueleto e se divertir por aí!

E a gaiatice do Jonas não tem limites Vó Sebastiana, que tem seus ossos roubados, além do desespero de ter que buscar por eles e enfrentar toda uma cidade, com a ajuda de suas amigas caveiras, tem que despistar até o cachorro da família, o Labareda, que sem noção do que se passa trata de encontrar deliciosa refeição num dos ossos da perna de dona Sebastiana. Que confusão! E se vocês ainda estão em dúvida sobre embarcar ou não com o Jonas e a Cris neste Baile maluco, revelo um pouco mais, aliás um outro personagem da trama o Zé Fuxico, que, como o próprio nome já diz, não deixa pra menos e trata de fazer muita fofoca em torno de tudo o que acontece. Claro que você não vai querer saber de todas as outras surpresas da história por ele, não é?

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Uma Caixa cheia de boas surpresas!

O Grupo Virtú realizou nesta sexta-feira 25/02 uma apresentação especial do espetáculo Caixa de Memórias para a Casa de Autores. Foi uma noite cheia de boas surpresas! O espetáculo baseado em livros de Literatura Infantil, alguns deles de escritores da Casa, histórias e memórias dos atores consegue festejar todos os nossos sentidos. Mistura na medida certa literatura, música, teatro, bonecos, manipulação de objetos e faz até referência ao cinema para contar com delicadeza e simplicidade a história de amizade e dedicação de um menino e sua vizinha idosa que perdeu a memória.

 A festa começa na entrada da  ETCA - a Escola Teatral Confins Artísticos, que abriga o aconchegante teatro em que a peça fica em cartaz até 20 de março. O público é recepcionado com música e convidado a descer para o teatro...
 Em fila, miúdos e graúdos, já imaginando o que os espera, descem os degraus e entram pra valer no clima do espetáculo. Embarcam nas histórias costuradas com a maestria de quem sabe bordar na simplicidade do cotidiano a mais pura fantasia e se entregam a uma alegria cheia de cumplicidade. A linha que divide o palco e a arquibancada parece sumir e todos interagem, viajam juntos para aquele tempo dos contos de fadas: o para sempre e, guardados numa caixa que se abre pra provocar sensações, desengavetar lembranças, cheiros, gostos, imagens, sonhos!

 Caixa de Memórias é assim: traz várias linguagens interagindo no palco, tem humor sem exageros e harmonia em tudo o que propõe. Consegue tirar dos livros histórias boas de ouvir e contar, dos instrumentos melodias que nos transportam, dos movimentos corporais e expressões dos atores sentimentos e emoções e de cada escolha plástica, algo que nos chega como surpreendente.

Sem malabarismos cênicos, exageros sonoplásticos e com a singeleza de quem acredita no que está fazendo e faz com paixão, o Virtú chega onde se propõe, no coração de cada um que os assiste.
O espetáculo fica até o dia 20 de Março, sempre aos sábados e domingos com sessões às 17h30 no Teatro ETCA, na comercial da 711 norte, bloco C Loja 05. Os ingressos custam R$ 20,00 a meia entrada para estudantes, professores, artistas e idosos.
Vale a pena conferir!

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Versos em doses homeopáticas!


                                         Foto: arquivo pessoal: Luiza e seus abraços...

"Poesia é a infância da língua"
Manoel de Barros

Hoje dei pra cavucar memórias e sempre que abro as gavetas da lembrança, deparo-me com a força e a simplicidade desconcertante dos versos de Manoel de Barros!
Lembrei dos meus quintais, lá nas Minas Gerais. Lembrei dos versos tantos, das cantigas que embalaram meus sonhos e de um tempo que se eterniza ao trazer de volta as sensações, os cheiros, os gostos, a textura de muitas infâncias. Hoje, quando tenho nos filhos o renascer dos meus dias de menina, fico sonhando acordada com os versos, com as rimas tantas, com a melodia do que foi outrora e se cristaliza no agora!

Um pouco de poesia pra mudar a cor do dia!

"A liberdade e a poesia a gente aprende com as crianças"
Manoel de Barros



Foto: arquivo pessoal Luiza em seu primeiro encontro com o mar... Rio de Janeiro - junho de 2009

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Uma visita especial!

Assim, sorrateira e bem à vontade, a coruja deu o ar de sua graça em nosso jardim interno, chegou voando e morou aqui por uns três ou quatro dias pra encantamento geral dos outros habitantes da casa. Os meninos acordavam e iam dizer bom dia, ficavam bons minutos contemplando a moradora e perguntando como ela iria comer e beber água ...
Eles observaram que durante o dia a danada parecia prima do Jacaré Bilé, quase não queria saber de abrir o olho pra nada. Animal de hábitos noturnos, ela ficava bem quietinha, parecendo dormir enquanto   todo o resto da casa era só agitação.

 Entre as pedras e o bambuzal do jardim interno, a coruja foi se ajeitando e nem ligava pra bagunça toda que sua presença provocou, passava a maior parte do dia no térreo do jardim, Bia, Felipe e Luiza, adoraram a hóspede, até colocaram brinquedos diante o vidro, no chão em frente à escada pra que ela tivesse o que olhar durante as noites insones, Bia e Lipe organizaram uma expedição ao teto da casa, pra lá de cima mandar bananas (????) para a dona Coruja. Claro que levaram bronca, mas aprenderam também que corujas são carnívoras!
 A danada da dorminhoca ficava estática diante do vidro na maior parte do dia e, coitada, parecia mesmo se assustar com a empolgação total dos meninos, que faltavam querer asas pra chegar até ela também pelo céu!
De noite, a nossa visitante também subia e ia ficar com a gente no segundo andar, era uma coruja equilibrista, pois o espaço da soleira do jardim mal dava para os pés da moçoila. Era uma gritaria só: " mãe, ela vai cair, tadinha!" , "Vamos colocar uns colchões lá em baixo?" , " E se ela dormir sem querer e despencar, gente?"  Bem, foram três dias de dúvidas e constatações, na manhã do quarto dia...
... ela não estava mais lá no jardim. ficaram as fotos e as lembranças da visita tão especial!

Um presente que veio do céu!

No Programa Férias na Cultura que a Livraria cultura organiza sempre nos períodos em que a meninada fica afastada da escola, tive a grande alegria de ver meu primeiro livro, nascido da parceria minha e da Bia, A menina que pescava estrelas, ilustrações Beatriz Roscoe, Editora Elementar, ganhar vida no palco do Teatro Eva Herz, com a Verônica do Grupo Era uma Vez, contando a história. Foi um momento muito especial...

Com o livro nas mãos e um jeito todo delicado de se apropriar da história, Verônica remexeu no baú de minhas memórias ao narrar as aventuras da Mariana, a pescadora de estrelas que foi a responsável por minha viagem sem volta ao mundo da Literatura!

Na plateia, muitas crianças, eu com a meninada toda aqui de casa e ainda uns amigos e muitos pais, mães, avós, tios e tias empolgados com o encanto das histórias contadas pela Verônica. Bia, na primeira fila, também se emocionou com o carinho do Era uma vez e do público tão receptivo à nossa história, à nossa parceira, ao nosso primeiro encontro literário...

Foi uma tarde de domingo muito divertida. No fim da "contação", subi ao palco para falar sobre os livros, as histórias das histórias e apresentar as cantigas que acompanham dois de meus livros. Terminada a festa no Teatro fui para o térreo da livraria, conversar com os leitores e autografar os livros! A menina que pescava estrelas foi contada pelo Era uma vez, na Cultura do Iguatemi e do Casa Park, no mês de janeiro.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Dica de Leitura

Este é um dos recentes lançamentos da escritora Vera Lúcia Dias, que faz parte do Instituto Casa de Autores de Brasília e que é bem conhecida da meninada do cerrado por suas histórias, seus livros e seus brinquedos cantados. Vera sempre conta que sua literatura é inspirada nas lembranças de sua própria infância e nos tesouros que vem juntando em suas andanças por escolas e feiras literárias. Vera adora brincar com as palavras e com a imaginação e neste livro nos faz viajar por inúmeros lugares tendo como ponto de partida um muro no fundo do quintal. O texto é gostoso, a história flui com delicadeza e as ilustrações da mexicana Cecília Rébora completam o universo de sonho e fantasia que o livro nos apresenta. Publicada pela Callis Editora já em Português e Espanhol, a história, cheia de simplicidade e magia, que Vera e Cecília nos contam, cada uma a seu modo, encanta e nos faz voltar aos bons tempos da infância, dos quintais tantos explorados muito além dos limites, das cercas e dos muros. E como ler é sempre diversão garantida vou logo respondendo que eu brinco muito, brinco de cantar, de inventar mundos, de procurar tesouros perdidos e brinco sempre de ler! E você, brinca de quê?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Um convite para que se abra a Caixa de Memórias

Caixa de Memórias é o espetáculo que o Grupo Virtú apresenta a partir do próximo sábado e até do dia 20 de março, sempre aos sábados e domingos, às 17h30  no Teatro da ETCA ( Escola Teatral Confins Artísticos que fica na comercial da  711 norte, bloco C loja 05.
Caixa de Memórias guarda surpresas e uma mistura de linguagens muito bem amarradas e em sincronia total no palco, pra falar de forma lúdica e delicada sobre infância, velhice, lembranças e sonhos.
O espetáculo apresenta uma contação de histórias diferente sobre duas gerações distintas. São abordados temas sensoriais, históricos e regionais. Caixa de Memórias usa, para trazer o lúdico à cena, contação de histórias, bonecos de manipulação direta, manipulação de objetos inanimados, música ao vivo, coreografia cênica e imagens vocais provocando a imaginação e criatividade na criança.

Além das histórias tiradas de livros infantis, das memórias dos atores e das memórias contadas pelos pais e avós dos membros do grupo, o texto do espetáculo teve como principal inspiração diversos livros do grupo  CASA DE AUTORES, adaptados ao roteiro e que, não só definem a estética plástica do espetáculo bem como trazem à tona o universo da criança à peça.

Serviço:
Espetáculo: Caixa de Memórias
De 19 de fevereiro a 20 de março
Sábados e Domingos
Às 17:30h
Endereço: SCLRN 711 Bloco C Loja 05
Preço: R$ 20,00 (meia para classe artística, estudantes, idosos e professores)
Classificação Indicativa: LIVRE para todos os públicos
Informações: (61) 82029339 ou (61) 96796713 ou (61) 81970362
grupovirtu@gmail.com

Só pra dar água na boca, um trechinho do espetáculo aí abaixo!

Caixa de Memórias

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A poesia do dia!


Minha escrita é alimentada diariamente pelo quanto de fantasia que floresce em mim e pelos olhares tantos, pelos sonhos tantos e pela imaginação infinita também de meus leitores. Acordei nesta manhã de terça-feira bastante sustenida, no caminho para a escola das crianças fui presenteada com um restinho de noite, mas vi a escuridão ser derretida por um rosa alaranjado tão estonteante no céu e entre os tons impressionistas da alvorada que se repete todo dia e que muitas vezes nem vejo, me flagrei sorrindo. Vi naquele quadro inaugural do dia pura poesia e me lembrei de uma apresentação que fiz no Salão da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, ano passado no Rio de Janeiro, quando fiz uma leitura pública de meu livro A façanha da dona aranha, il. Carol Juste, Editora Elementar, para crianças de uma escola pública de lá.

O texto narra em versos as aventuras de uma aranha costureira em busca de tudo o que precisa para tecer uma teia muito especial, tecida com métrica e rima, nos fios da fantasia para homenagear o dia da poesia. Quando encerrei a leitura, uma menina que estava diante de mim (não consigo lembrar seu nome, mas ela ficou no coração!), com o livro na mão, quis saber como eu havia conseguido fazer uma história que parecia ter outro tempo, que era devagar de um jeito que ela conseguia repetir e tão rápida  para ir do céu ao fundo do mar só num verso. Na hora não entendi a colocação, mas depois ela mesma me explicou e entendi que era o tempo da poesia, o tempo que parece eternizar infâncias e nos colocar diante da melodia das palavras como brincadeira boa de fundo de quintal de casa de vó! A explicação da menina do alto de sua sabedoria infantil: "... é assim: a gente ouve a história que tem uma musiquinha nas palavras, vai longe, dançando com as ideias e nem precisa sair do lugar. A Lia ( a aranha da história) vai em tantos lugares, no céu, no fundo do mar, no arco-íris e leva a gente junto com ela. A gente nem precisa levantar ou se mexer e tudo isso acontece antes que você mude o seu olho de um lado da página para o outro, é muito legal, eu adoro rima e poesia e adorei essa aranha!
Eu adorei a menina!

Esta singeleza foi a poesia daquele dia que ecoou hoje no alvorecer de pintura e que fez acordar em mim uma vontade enorme de versar!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dica de Leitura


Pedro Noite é uma delicada história contada por Caio Riter com as cores e os traços do Mateus Rios e que já está nas livrarias em edição refinada da Editora Biruta: papel de primeira qualidade que reverencia o tato,  a visão e presenteia também os outros sentidos com um projeto gráfico bem cuidado e a ousadia de falar com o coração de um tema super importante: a valorização de nossa herança negra! Pedro era um garoto cheio de sonhos, garoto "destes que de tudo ria, menino pintado de noite, olhos de estrela, boca de lua crescente, canção de pássaro entre os dentes". É assim que Caio Riter define seu personagem tão encantador e comovente com os medos, o oco dentro do peito por se perceber negro e toda a alegria ao descobrir quanta riqueza e beleza traz na pele, nas lembranças, nos cantos e na herança de seu povo. Pedro é estimulado a tentar se parecer com o que não é, enfrenta preconceitos, se entristece por não entender tanta coisa, mas se renova pleno de força e fantasia ao descobrir nas histórias de um outro tempo, mais que sua memória, seu canto de liberdade. Um canto Yorubá ( povo que antes só vivia em continentes africanos e que se espalhou pelo mundo com as navegações europeias e o tráfico de escravos e que, no Brasil, teve fortes contribuições e influências com sua cultura nas artes, na música, na língua e até na culinária), um canto de África que ecoa na escuridão cheia de brilho e encanto que Pedro Ñoite não quer mais esconder. O livro traz ainda um pequeno glossário dos termos da língua Yorubá e faz uma viagem poética pelas referências e pela nossa história! Terminei a leitura de Pedro Noite, com muitas estrelas a cintilar na alma e com a noite a querer se eternizar na retina impregnada de água e sal, a derramar meu mar aos poucos. Naveguei com Caio e Mateus, nas asas de Pedro Noite, embalada por tambores e pelos cantos todos da mãe África!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Um dia, palíndromo!


 Palíndromo  é aquilo que se lê da mesma maneira nos dois sentidos - normalmente, da esquerda para a direita ou ao contrário, da direita para a esquerda, em Português existem palavras que se encaixam nas características como: ovo,osso,radar.  O mesmo se aplica às frases, embora a coincidência seja  tanto mais difícil de conseguir quanto maior for a frase;  um dos exemplos mais conhecidos é:  Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos. O recurso é uma figura de linguagem bastante explorada na poesia e serve de inspiração para jogos verbais e para uma divertida brincadeira com as possibilidades da nossa língua. A data de hoje é um palíndromo perfeito: 11022011 e pode servir de incentivo para quem não conhece esta e outras artimanhas da linguagem, descobrir brincando!
Brincando de inventar palíndromos!
Só pra esquentar, algumas frases que são exemplos  clássicos de palíndromos da língua portuguesa:

ANOTARAM A DATA DA MARATONA
A DIVA EM ARGEL ALEGRA-ME A VIDA
A DROGA DA GORDA
A MALA NADA NA LAMA



Muitas leituras!

Tenho flagrado belos momentos de leitura em casa; Bia, de ouvinte e co-autora de minhas histórias passou há algum tempo a experimentar também as leituras partilhadas. Luiza usufrui destes momentos de puro afeto desde a barriga. Bia e Felipe disputavam no par ou ímpar, todos os dias, durante os nove meses de minha gravidez, quem seria o responsável pela história da barriga. O escolhido selecionava livros, inventava narrativas e muitas vezes, terminávamos a sessão cantando e rindo juntos, com Orlando também por perto. Família reunida em torno da palavra: lida, ouvida, falada, cantada e calada! 

Luiza desembarcou na vida plena de histórias e agora escolhe toda noite, além do livro que deseja "ler", o mediador do dia. Neste flagra, já na cama, antes de dormir, Bia foi a escolhida para mediar a história de ninar: The very Hunter Caterpilliar, de Eric Carle, na edição comemorativa do 40º aniversário da obra, um Pop- up em inglês, quando ainda não havia a tradução. No Brasil o livro chegou ano passado com o título A lagartinha muito comilona, pela Kalandraca da Espanha, representada aqui pela editora Callis. 

 As duas contaram e vivenciaram com a festa dos sentidos todos as aventuras da lagartinha gulosa e faminta que sai devorando tudo o que encontra pela frente! A brincadeira de tranformar os dedos em lagarta e percorrer o caminho da personagem do livro durou quase meia hora!

 Por vezes, a pequena dispensa a mediação e se entrega solitária ao diálogo com os livros. Em: Telefone sem fio de Ilam Brenman, com ilustrações de Renato Moricone, da Companhia das Letrinhas, mais gratificante que vê-la entregue às páginas do livrão, foi ouvir a história que ela, mesmo de chupeta na boca lia em voz alta: "Palhaço segredo, rei. Rei segredo ferro ( uma armadura). Ferro segredo mar ( um escafandrista antigo) e assim por diante! Delícia foi ver que em uma das páginas diante da ilustração de uma senhora muito fina e arrumada, Luiza disparou: turista segredo perua e terminou sua leitura revelando o grande segredo da história na sua interpretação: o segredo é...
... o segredo é... Claro que eu não vou contar e estragar a surpresa do livro, mas dentro do clima todo Luiza nos revelou não só uma bela percepção da história, como também um segredo muito especial: o de que ama os livros e a leitura!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Quando a leitura vira hábito diário - o livro de ninar!

Os olhos entregam o ânimo: janelas quase se fechando para o real, para tempo de estar desperta e nas mãos um LIVRO, pequenino, do tamanho de segurar sozinha e pronto para fazer a imaginação embarcar junto para o espaço de sonhar... Para Luiza, que ouve e  "lê" histórias desde seu universo amniótico, a leitura de ninar já é hábito diário

 Nesta noite em meio aos travesseiros e edredons, a pequena escolheu o livro de uma caixinha com clássicos da disney que foi da irmã mais velha e leu em voz alta, primeiro só pra ela depois pro resto dos curiosos que se encantaram com a cena: pais e irmãos babões

Fez mais uma leitura partilhada apontando no exemplar de Dumbo a palavra escrita e ainda com pausas e viradas de livro para a plateia com a intenção de partilhar também as ilustrações. Ela ainda solicita nossas leituras, nossas mediações, mas já não depende de ninguém mais para ler e se encantar com o mundo dos livros, da literatura!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Dica de Leitura

Lili inventa o mundo nos revela um Mário Quintana não só mestre em alinhavar palavras para bordar fantasia no cotidiano com seus versos, mas pleno também de fazer sonhar! O poeta instiga a imaginação, mistura os acontecimentos banais do dia a dia com um mundo inventado e cheio de  deliciosas aventuras. Para ler Quintana, há de se permitir ler com os olhos e com o coração e sempre, sempre com todas as portas e janelas do imaginário escancaradas. O próprio autor, na abertura do livro, manda o seu recado: " As pessoas sem imaginação podem ter tido as mais imprevistas aventuras, podem ter visitado as terras mais estranhas. Nada lhes ficou. Nada lhes sobrou. Uma vida não basta ser apenas vivida: também precisa ser sonhada."  Lili Inventa o Mundo é leitura pra ser saboreada com o "vagarinho" que a poesia nos exige e esta edição bem cuidada da Global com ilustrações de Suppa merece repousar por um bom tempo pertinho, bem ao alcance dos olhos, dos dedos, dos cheiros, dos sons e dos gostos que nos fazem viajar por todos os caminhos da sensibilidade. A poesia de Quintana tem o poder de desabrochar sensações e de eternizar infâncias!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O novo Jacaré Bilé


A história é a mesma, o cenário é o mesmo, os personagens são os mesmos, o cenário e as situações também, mas O Jacaré Bilé tem agora uma novidade: é um livro- cd com canções que fiz para o jacaré insone, morador de um açude no sertão do Ceará, que persegue a lua sonhando com uma tapioca gigante! A nova edição acaba de sair do forno, o cd  tem duas canções em versões cantadas e instumentais: um baião e uma embolada. Bilé agora pode ser lido, visto e ouvido!

                                O livro agora vem com o cd e traz um pouco da riqueza da cultura nordestina nos ritmos e nos arranjos musicais, cuidadosamente trabalhados por Orlando Neto, meu parceiro na Arte e na vida!
" Bilé, bilé, bilé, que jacará mané... Bilé bilé bilé, de dia nunca está de pé. Bilé, bilé, bilé só ele bota fé, que a luaaaaaa, tapioca é!"
 O baião é quase um hit entre a meninada, mas o cd traz ainda uma embolada, um desafio entre o coelho e o jacaré, no disco tive a honra de ter músicos de primeiríssima, amigos queridos que dividiram comigo a alegria de dar ritmo e melodia para o Bilé: Paulo André Tavares, nos violões; Osavaldo Amorim, no baixo; Léo Barbosa, na percussão, Juninho, nas sanfonas, Sérgio Morais, nas flautas e o escritor, músico e roedor de livros, Tino Freitas fazendo a voz do bilé na embolada!
 A Editora Biruta não deixou por menos, além da nova contracapa e do envelope do cd, fez o livro crescer duas páginas para abrigar as letras das músicas e...


Um pouco da história da história e das pesquisas todas que fiz para encontrar no meio de tanta referência bacana, de tantos ritmos e sonoridades o rumo que queria que a trilha sonora do Bilé seguisse! Estou feliz, muito feliz e já pensando em um lançamento festivo com muita tapioca, é claro!
Obrigada a todos que embarcaram comigo nesta viagem e que mergulharam na festa que é o Nordeste e no açude do Bilé!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Dica de Leitura


A barata diz que tem tanta coisa que não tem e ainda vem sem nenhuma cerimônia, a bordo da imaginação de May Shuravel pra criar nesta história uma baita confusão com outros insetos. Inspirada na cantiga popular, a autora brinca com o jogo de palavras e num delicioso texto cheio de ritmo e cadência nos embala com seus versos rimados. É mentira da barata, faz rir um bocado, mas também nos faz pensar, e, mesmo tendo o bom humor como fio condutor de todo o enredo, toca de forma delicada e sensível  num problema muito comum nos dias de hoje: a intolerância. May pinta e borda com as palavras e, literalmente, deu cores e texturas a cada uma delas, pois o livro é também ilustrado pela autora. E como mistério nunca é demais pra saber se a barata é mesmo mentirosa ou se é tudo intriga da formiga, só mesmo embarcando nas páginas do livro!