sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Pé de livros

O nome do personagem principal desta história eu não sei, quando fui procurá-lo depois de tudo, ele já tinha ido embora, mas meu lado jornalista me incita a mais do que apenas buscar pelo nome, tentar encontrá-lo outra vez. Quero entrevistá-lo. Assim que o encontrar, e já estou bem próxima disso, prometo um bate-papo com ele por aqui também! Nos encontramos na V Feira Lítero Cultural de Paracatu,  em MG, de onde voltei ontem, repleta de inspiração! Fui como autora convidada para falar de meus livros e do trabalho com os projetos de leitura às crianças e aos jovens do ensino público municipal e estadual. Fiz apresentações de histórias e cantigas e pude desfrutar do encantamento da meninada com algumas descobertas. A Feira, promovida pelo Sesc e pela Secretaria de Educação, garantiu atividades literárias e culturais gratuitas durante os dias 28 e 29 de setembro para as escolas e para a comunidade local, mas conseguiu atrair também moradores das regiões vizinhas. Tive a oportunidade de conversar com educadoras do município de Dom Bosco e de outros Distritos próximos à Paracatu. Pois bem, foi embaixo do Pé de livros que o vi, um espaço pensado ludicamente para aproximar os visitantes das leituras espontâneas. Em toda a área das churrasqueiras, que durante a Feria foi transformada em Arena de Histórias, havia livros pendendo das árvores, presos em elásticos que podiam ser puxados para uma leitura mais confortável. Perto de algumas destas árvores, cadeiras, estratégicamente colocadas na sombra para quem quisesse se entregar ao prazer de ler!

Pois o  menino que fez a Feira valer para mim, é este de camisa vermelha e casaco, sentado de braços cruzados exatamente na cadeira de um dos pés de livros. Não sei porque, ele me chamou a atenção, estava um pouco mais à frente dele, para fotografar a apresentação das meninas do Grupo Tagarelas: Simone e Miriam. Ele estava afastado, enquanto a meninada das turmas menores se encantava com a Vovó cheia de histórias de Simone Carneiro. E notem, nem se dava conta de que estava rodeado de livros.

 Mas a indiferença durou pouco, sem que ninguém pedisse ou indicasse, ele puxou um dos livros e...

... não largou mais! Ele se entregou à leitura de tal forma, que nada parecia estar acontecendo ao redor. Na churrasqueira da frente Simone fazia um alarde com a truma dos menores que gritava, levantava "o cabelo" a pedido da Vovó espalhafatosa e ele lá, mergulhado nas páginas de um livro!

Aos poucos os amigos foram chegando e também se encantando!

E em menos de quinze minutos a roda de leitura estava formada, espontâneamente. Eles nem me notaram fotografando tudo. Vejam o sorriso do protagonista desta história já com outro livro nas mãos!

A vovó não resistiu, foi ler com eles e só nesta hora todos notaram que eu estava ali, corri para o auditório porque iria me apresentar para outras turmas e quando voltei, o ônibus da escola dele já havia ido embora. A minha tristeza só não foi maior porque uma das professoras do município de Dom Bosco veio me contar emocionada que um garoto de seus doze, treze anos, ao sair da Arena de Histórias, logo após a apresentação das Tagarelas, caminhou algum tempo ao lado dela como se quisesse ganhar a confiança e sem nem mesmo conhecê-la, chegou mais perto, abraçou-a e perguntou, quase num sussuro, se ela saberia dizer onde era possível comprar sementes de Pé de livros! Nem precisei mostrar a foto para a "Tia Leninha", a professora que lá em Dom Bosco na escola de educação infantil em que leciona, tem fama de ter os poderes da Fada do Dente e que em Paracatu, por algum motivo mágico, ganhou ares de semeadora de sonhos!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Caixinha de guardar o tempo

Toda sexta-feira no Centro de Atendimento ao Idoso do Hospital Universitário de Brasília, passo momentos incríveis na companhia dos "meus  meninos e das minhas meninas" da melhor idade. Eles começam a tarde cantando com o Professor Sérgio o repertório do coral dos cinquentões. São marchinhas, canções de São João de Natal, além de clássicos da MPB. Terminada a cantoria, a gente faz a roda e parte para as histórias...

                        ... leio livros, conto histórias e abro sempre a nossa caixinha de guardar o tempo!

 As histórias são escolhidas ao longo da semana com muito cuidado e carinho: muita poesia e livros que fazem rir, que emocionam e, principalmente, acordam lembranças da infância, da juventude, de outros tempos!
 Depois, cada um, se quiser, abre a caixinha e guarda nela o que não gostaria de esquecer ou de perder! 

Dona Janete, guardou o barulho da chuva e os amigos do tempo de escola.

Flávia quis encapsular o tempo, recheando nossa Caixinha com o amor dos filhos e netos!

E cada um que falava e guardava coisas na Caixinha, despertava mais memórias!

Neste dia, encerrei lendo um conto que ainda não publiquei e que fala da importância de alimentarmos a fantasia, o sonho e acreditarmos na possibilidade de vencer limites sempre! Sexta-feira tem mais!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Dica de Leitura

Em dias tão acelerados e globalizados, esta história divertida, de uma rãnzinha vaidosa que decide ser rãinha, trata com bom humor e poesia um assunto que preocupa muito: os distúrbios alimentares como a bulimia, a anorexia e a compulsão por comida. Cada vez mais cedo crianças são vitimadas no mundo todo por estes problemas e o poeta Wilson Pereira conseguiu com leveza e muita delicadeza falar diretamente aos pequenos sobre os perigos da vaidade exagerada e da ditadura dos padrões ditados pela moda. Com sua prosa poética refinada e ao mesmo tempo clara, com linguagem simples e repleta de brincadeiras com as palavras, Wilson atinge os mais miúdos e também os crescidos. Na história, ilustrada pela a argentina Cecília Rébora e publicada pela Editora Callis, a rãnzinha quando decide ser rãinha, acha que está acima do peso e resolve emagrecer simplesmente deixando de se alimentar. Ela para de comer e começa a ficar rãnzinza, rãnquítica e com muitos problemas. O livro ganhou traduções para o inglês, o espanhol e até em koreano poderá ser lido. Wilson Pereira, é mineiro e vive em Brasília há muito tempo. É poeta dos mais celebrados na capital federal, faz parte do Instituto Casa de Autores, teve obras premiadas e publicadas em vários países e poemas talhados nas pedras em hotéis nas cidades de Minas. Para crianças,  o autor escreveu, entre outros livros, Pé de Poesia e Riozinhos de Brinquedo.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Dica de Leitura

A Dica de Leitura desta semana é especialmente dedicada aos leitores do Uni duni ler, o Clube de leitura formado por bebês de 0 a 3 anos de idade e que tem, claro agregados mais graúdos que os sócios efetivos ( pais, irmãos mais velhos, avós, tios e muitos amigos!)

 Em mais uma adorável parceria, Bia Hetzel e Mariana Massarani, nos apresentam com este delicioso livro O balde das Chupetas, uma história em linguagem simples e direta sobre um dos primeiros dramas enfrentados pelos pequenos: a hora de deixar a chupeta, pepeta, ou bico!
 Em nosso Uni duni ler, alguns acabaram de trocar suas chupetas pelo presente da Fada da Chupeta, mas muitos ainda se apegam com dedos e dentes e não só à uma, mas a várias chupetas. Aqui em casa são pelo menos quatro espalhadas pela casa e como já "negociamos" que chupeta é só pra dormir, nunca vi tanto sono em hora errada! No lançamento do livro no Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens deste ano, no Rio de Janeiro, a turma da Manati, que publicou o livro, tratou de arrumar um lindo balde transparente e cheio de chupetas pra deixar no estande da editora, vi muitos pequenos querendo tirar chupetas de lá, mas vi alguns deixarem o mimo por lá também! Aliás aproveito para lançar uma nova campanha: Que tal trocar sua chupeta por um livro bem bacana? No nosso Clube de leitura a ideia agradou e não só aos pais!


Na história contada por Bia e Mariana,  Joca é um menino que adora chupeta, mas que cresceu um bocado e não se convence que já é hora de deixar de chupetar...

Ele prefere parecer um bebê gigante a ter que se desfazer da sua chupeta, mas encontra uma tia muito legal. Claro que pra saber como termina esta história, só mesmo mergulhando pra valer no Balde das Chupetas!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Atrás do olho fechado - Os bastidores da gravação do CD que acompanhará o livro!

Atrás do olho fechado é o título do meu próximo livro, também um livro cd, mas diferente de todos os que já publiquei. É um romance em microcapítulos para estimular nos mais miúdos o hábito da história de ninar partilhada com pessoas queridas e nos que acabaram de se alfabetizar, o hábito do livro de cabeceira. Todos os capítulos são bem curtos, tem começo, meio e fim. Na história, uma das personagens compõe uma cantiga de ninar para a filha, a música Atrás do olho fechado, que fiz para minha filha mais velha ,Bia, quando ela percebeu que não somos eternos. A música e a história do livro inspiraram o parceiro  na vida e na arte Orlando Neto e o pianista espanhol Cope Gutierrez que fizeram a partir delas  a suíte Atrás do olho fechado em seis movimentos executados com piano, voz e uma orquestra de câmara com 12 músicos, regidas pelo maestro Joaquim França. Registramos em imagens a preparação e a gravação. Momentos que guardaremos não apenas atrás dos olhos fechados!

Tive uma fada-madrinha: Daniela Tostes que com suas aulas de canto me fizeram descobrir a voz em mim!

                  Foi um trabalho específico para a gravação da música, mas muito especial!

O estúdio Beco da Coruja foi o palco das gravações.

Na primeira delas, com a Oquestra de Câmara, a turma técnica: Orlando Neto, Oswaldo Amorim, Lautaro e André Togni, dono do estúdio registrando tudo!

                                      Os músicos e o maestro Joaquim, se preparando para gravar.

Todos atentos e conferindo as partituras de seus instrumentos: ao todo sete violinos, duas violas, dois violoncelos e um contrabaixo acústico.

                                               Ao final da gravação, pose para a foto!

Na segunda gravação, Lautaro e Orlando acertando tudo...

... para que eu pudesse colocar em prática tudo o que aprendi com a Dani e que venho guardando da música em mim!

A canção foi gravada em duas versões, uma com arranjo de cordas, piano e voz e outra mais acalanto apenas com piano e voz que entrará no cd como faixa bônus.

Como nem tudo é perfeito, na primeria gravação não foi possível aproveitar o que tocou o contrabaixo e precisamos voltar ao estúdio para regravar todo o baixo e da segunda vez com o outro músico: Daniel Abreu, talentosíssimo!

A viola também teve problemas, na primeira gravação: o microfone não havia captado absolutamente nada e Marie teve que gravar tudo de novo numa manhã de domingo e depois da apresentação na véspera com o grupo All you need is love, cover dos Beatles. e tocou lindo sem reclamar! 
A edição e a mixafem foram feitas na Espanha, sob o comando de Cope Gutierrez e a masterização no Estúdio Batemastersom, no Rio de Janeiro...
Com a dedicação de Amaury Machado...

Profissional reconhecido com dois Grammys Latinos 

Orlando, sempre parceiro, concebeu a ideia da trilha sonora partindo da busca de uma melodia no piano e trabalhou mesmo à distância afinadíssimo com o amigo Cope lá da Espanha. Foram meses de intenso trabalho, muitas trocas e conversas pelo Skype. O resultado emociona a todos.

Cope Gutierrez, pianista e músico já experiente em trilhas sonoras para cinema na Espanha, trouxe ao nosso projeto a grandiosidade de seu trabalho, mudou a concepção do que eu imaginava e na parceria com Orlando construiu uma suíte de beleza ímpar. A todos o meu muito obrigada! Agora é com a competente Miriam Gabbai da Editora Callis!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Dica de Leitura

Você já imaginou quanta confusão um pum pode causar? E este do livro, que é Pum com letra maiúscula mesmo, mais ainda! Nesta história simples e divertida Blandina Franco e José Carlos Lollo brincam com situações bem engraçadas e surpreendem com a maior brincadeira de todas: descobrir quem soltou o Pum. Não é nada do que o leitor imagina. O livro da Companhia das Letrinhas é diversão na certa e com muita imaginação e uma grande tirada dos autores!

Quer saber mais um pouquinho? Veja o book-trailer:
http://youtu.be/HEjPPOMdYm8

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Uni duni ler - o Clube de leitura dos bebês - toda terça, uma festa!

Hoje fiquei feliz demais! Pela primeira vez, atrasei-me um bocado para a nossa ciranda literária e...
no cantinho da creche, onde sempre nos reunimos às terças-feiras para vasculhar a agora mala de livros, um aglomerado de pais, mães e pequenos leitores aguardando pacientemente minha chegada! Que delícia! O atraso não desanimou ninguém. Já me desculpo em público e aproveito para revelar outras alegrias inesperadas...



Como sempre, as leituras começam ali mesmo, no chão, no aconchego do colo e, cada vez mais com os irmãos mais velhos, os avós e os pais. Maurício escolheu para esta semana Girafas não sabem dançar, um dos favoritos dos pequenos, nunca volta na mala!

Hoje entre conversas sobre leituras, deliberações sobre novos associados, Fernanda, mãe da Ana Laura e da Maria Fernanda emocionou-me ao propor que nós mães ( os pais também estão convidados!) do Uni duni ler criemos um clube de leitura para adultos com encontros a cada dois meses! As mães presentes hoje toparam. É o bichinho da leitura tomando conta dos graúdos também! Adorei!

A outra surpresa veio também de uma mãe do Uni duni ler, Micheline, mãe da Letícia, na foto ao meu lado direito, apresentou-me, timidamente, na semana passada uma história que criou para a filhota.Tive dias corridos, cheios de trabalho e só hoje consegui a paz necessária para ler a história. Eu, que comecei minha carreira literária contando histórias inventadas na beira da cama para ninar minha filha mais velha, novamente, emocionei-me por conta deste clube! A história é deliciosa e, se autora me permitir, vou convidá-la a ler para todos num dos nossos encontros festivos. Tem qualidade literária e é muito, muito divertida.

Quem sabe, num futuro bem próximo esta sacola não carregará os livros dos associados do nosso Uni duni ler? A meninada exibe o mimo com orgulho e é muito gratificante partilhar cada momento com esta turminha pra lá de empolgada. São os pequenos que escolhem os livros e já chegam sabendo o que querem levar pra ler em casa!

A sacola vai e volta sempre recheada de boas leituras e boas histórias de carinho, afeto e momentos partilhados. E até quem não é membro efetivo do Uni duni ler (como a Edna e a Júlia, ali atrás, já cativas na exploração dos livros, toda terça na creche), curte descobrir novas histórias com a gente! Todos são sempre muito benvindos! Afinal, brincar de ler é um grande barato!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Dica de Leitura


Este é um livro que encanta pela história curiosa de um cavalo-marinho que "engravida" , pelas cores e pelo mistéro que o autor consegue criar com a técnica de usar folhas de acetato para "camuflar" o que está para acontecer nas páginas que narram a história. Eric Carle é mestre em conseguir fisgar os leitores mais miúdos. Mistura técnicas, usa e abusa das cores e escreve e ilustra como se brincasse o tempo todo! E brinca mesmo! Agora os leitores brasileiros podem se alegrar com as obras de Carle traduzidas para o Português, pois a editora espanhola Kalandraca, que tem grande parte dos livros do autor em Espanhol, fechou uma parceria com a editora brasileira Callis e os títulos de Carle já começaram a desembarcar por aqui em belas traduções.

Neste livro, uma edição bem cuidada, de capa dura, com 32 páginas e muita brincadeira, o leitor mergulha na história e desvenda os mistérios do fundo do mar de um jeito muito legal: brincando de esconder e encontrar as novidades de cada página. Assim como no clássico Uma lagartinha muito comilona, também de Eric Carle, que a Kalandraca e a Callis já trouxeram para o Brasil, os pequenos interagem o tempo todo com o texto e com as ilustrações. Em O senhor cavalo-marinho, a tradução é de Gabriela Rocha Alves.