O direito da criança de brincar está em estatutos, cartilhas, documentos e cartas no mundo inteiro, sem falar nos discursos de tanta gente, mas na prática é muito, muito diferente! Depois de participar em nome da Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil do I Encontro Nacional dos Pontinhos de Cultura - Espaço de Brincar nos dias 13,14 e 15 últimos aqui em Brasília, vi que as conquistas em prol das políticas públicas para valorizar e garantir o desenvolvimento e a permanência de uma cultura voltada para a infância já existem, mas o caminho a percorrer é longo e os desafios, inúmeros! Muitas são as pessoas empenhadas em fazer com que a criança tenha voz e vez, mas também são enormes as dificuldades. Durante os três dias do encontro, tive oportunidade de conhecer projetos e iniciativas que já ganharam apoio institucional para fazer valer o direito de brincar - existem atualmente 215 pontinhos de cultura em todo o país, são espaços, muitas vezes improvisados num fundo de garagem até, mas que garantem o exercício da infância, simplesmente ao permiter que as crianças brinques e por meio de suas brincadeiras se expressem, se encantem e nos encantem!
Adorei ouvir as reivindicações das crianças de São José dos Campos, em São Paulo, quando no Pontinho de Cultura da Cia Cultural Bola de Meia souberam que o grupo viria à Brasília para "conversar" com as pessoas que "mandam no Brasil". A meninada de lá tratou de fazer uma conferência e mandou, bem mandado o seu recado: entre pedidos de mais tempo e condições para poderem exercer plenamente o direito de brincar, uma pérola: "Podiam inventar um "disque-vó" pra quando a mãe da gente está muito chata e não deixa a gente fazer nada, a gente poder ligar. Aí, vinha a vó pra fazer bolinho, dar carinho brincar com a gente, deixar tudo..." Eu que ainda não sou vó e faço bem o estilo, mãe mandona senti que o puxão de orelha foi pra mim também. Cheguei ao encontro com a missão de, em nome dos escritores e ilustradores de literatura infantil e juvenil, defender também a leitura, o livro como espaço de sonhar, de brincar, ou seja, sem as tantas cargas que escolas, educadores, pais e, principalmente o mercado exigem daquilo que deve existir primordialmente como prazer. Livro não tem que ensinar nada, história pra criança ou pra jovem ou pra adulto tem que ser boa de ler, de ver, de degustar e pronto!E ponto! Ninguém vai ao cinema pra preencher ficha de filme, porque com os livros tem de ser diferente? Não precisei falar nada, todos que estavam no Encontro falavam a mesma língua, brincamos, cantamos, nos divertimos, traçamos metas e diretrizes para que o Plano Nacional de Cultura contemple o lúdico e o espaço verdadeiro da infância. Saímos de lá com a certeza de que há muita gente e até gente no Governo empenhada em brigar pela Cultura da Infância e para a Infância.
Espero que tudo o que vimos e ouvimos por lá se concretize em ações!
Um comentário:
Isso mesmo, Alessandra, mas é tão difícil convencer as pessoas de que leitura é prazer!
Bj
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