Dica de Leitura

Andei sumida por uns dias e ouso parafrasear Drumond que no meio do caminho encontrou uma pedra e inspiradamente a transformou num dos seus mais repetidos poemas. Eu, passei os últimos dias tomada não por uma, mas por algumas pedras e peço aos meus leitores desculpas por não aparecer aqui desde quinta-feira, pois "no meio dos meus rins havia umas pedras, umas pedras no meio dos meus rins." A justificativa agora não é sem motivos: é que enfrentei mais uma crise renal, velha conhecida de outros carnavais, na boa companhia dos livros e feliz com a trégua dada no sábado para que eu pudesse conhecer o belo trabalho dos Roedores de Livros http://www.roedoresdelivros.blogspot.com , que, Tino Freitras, Ana Paula e Edna realizam há alguns anos na Ceilândia, cidade satélite do DF com crianças carentes. Mas esta é outra história, que eu não vou contar agora! O fato é que durante meu repouso forçado e por conta do Dia Mundial do Livro ( procurei um livro para presentear cada um dos meus filhos e que tivesse algo em comum eles), tive a alegria de conhecer o mais recente lançamento da escritora Heloisa Prieto: Lobo de Estimação, ilustrado por Janaina Tokitaka, da Editora Projeto.
O livro foi um presente. É intenso, delicado e muito bem-humorado, mesmo tratando de um tema muitas vezes difícil para a criançada: o medo.

A história é divertida e nos faz mergulhar no universo de dois amigos de escola: Tucho e Nandinho. O primeiro, com um medo congelante de lobo e o outro com medo de buraco na madeira! Tucho fica indigando com o Lobo, que come vovózinha e ainda sopra casa de porquinho! Ele não se conforma em saber que o Lobo que existe de verdade é de outra espécie, mora no Zoológico e vive preso, portanto, sem oferecer perigo. Já, Nandinho, nem sente cosquinha quando falam de Lobo perto dele, está certo que o bicho só existe nas histórias, pode até parecer muito corajoso, mas o garoto fica em pânico ao imaginar o que pode haver do outro lado de um buraco na madeira, dá pra acreditar?! Heloisa consegue com uma leveza impressionante tratar do medo e dos medos que o medo causa.Fala também aos adultos, que quase sempre, não sabem como lidar com as angústias infantis e da importância em alimentar a fantasia dos pequenos sem fazer com que eles percam a noção do real. Fiquei emocionada com a história tão terna e cheio de sensilbilidade! E dei boas risadas com o Felipe, que adora lobos e histórias, mas morre de medo de escuro!