terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Memórias poéticas de uma festa


Já se passaram alguns dias, mas devo confessar que uma espécie de entorpecimento fabuloso não me deixa esquecer os momentos incríveis que vivi no grande encontro que foi a Festa Literária de Pirenópolis. Ainda folheio e curto os tantos livros que trouxe de lá, revejo situações, diálogos, inspirações e me pego sorrindo à toa. Se a festa atingiu os objetivos, saiu como se esperava. Isso eu não sei. Na verdade pouco importa. Para mim o saldo foi mais que positivo, os lucros ainda aparecem, ouso dizer até que acho mesmo impossível contabilizar todos os ganhos afetivos e literários que trouxe na bagagem de volta. Nos tantos palcos que visitamos na cidade de Pirenópolis, a festa terminou, mas continua em muitos corações e mentes. A semente foi plantada e posso garantir que cada um de nós, autores, organizadores, convidados, leitores aprendemos, entre tantas coisas, a nos encantar de forma diferente mesmo com o óbvio. Eu posso dizer sem medo de errar que descobri a grandeza de me apequenar diante da intensidade de um Liliputz de Sorvete de Chocolate. Calma! Este é o título de um livro delicioso do Hermes Bernardi Jr. , que ganhei de presente do prórpio depois da Flipiri. A história é lindíssima e depois de ouvi-la narrada pelo Hermes, aliás, narrada não, contada magistralmente, como bem disse o Eduardo Loureiro, outro escritor que nos brinda sempre com ótimas histórias e canções: contada pelo Hermes da ponta dos pés ao último fio de cabelo; não posso deixar de ver, sempre que abro o livro agora, um Hermes saltando da minha caixa de memória e Lili, lili, lili zzzzzzzzz, liliputizando tudo em volta! Ah! Nada se compara ao prazer de descobrir o quanto o mundo dos livros nos abraça! Voltei da festa não apenas com o vestido de baile amassado de tanto dançar e com aquela saudade enorme. Voltei plena por saber que coisas antes sem nenhum sentido para mim, passaram a arrancar-me sorrisos. Pulgas e lagartixas se encheram de poesia. Uma caixa de sapatos qualquer me faz imaginar rinocerontes dobrados. Uma almofada colorida de retalhos me remete aos tantos motivos para amar livros e seus escrivinhadores. Uma roda que seja, me faz querer cirandar com a Vera Lúcia Dias. Cheiro de queijo lembra-me roedores de livros ou ratos de biblioteca. Os dicionários e enciclopédias iluminam em mim o menino vendedor de palavras do Loyola. Ah! E este, tão encantador com tudo o que nos disse e mostrou durante a Festa, fez brotar rios e mares em meus olhos que agora enxergam a missão maior que tenho que é a de carregar arco-iris.

Depois de Pirenópolis somos todos os mesmos, de volta às nossas rotinas, embora nem tão os mesmos como os de antes. Sei que poderemos guardar no baú ( pode ser um daqueles maravilhosos, cheios de histórias do querido Jonas Ribeiro) nossa roupa de festa e quando formos tirá-la de lá, certamente não sentiremos cheiro de mofo.

3 comentários:

Marco disse...

Sim, Alessandra. Meu coração ainda está em festa. Ali voltei a ser menino, pois redescobri nas ruas, risos e rios o meu coração pirenopolino. Eu quero mais, muito mais. A saudade é grande, a melancolia latente, mas o orgulho de ser parte da festa é maior que tudo. Nós estávamos lá e estaremos para sempre. seja em Caxambu, Radiolândia ou nos próximos versos do jovem poeta Luis Henrique, descoberto numa sala de aula e lançado à liberade do mundo da escrita, ironicamente, no que um dia foi uma cadeia. Viva a nossa Flipiri, FlipirIris, flipirante.
Beijos liliputizantes pra vocês.

Marco disse...

ops, não é Luiz Henrique, é Lucas Henrique.

Alessandra Roscoe disse...

Ainda estamos todos em Festa e já fazendo planos para os próximos encontros. Foi bem demais reencontrá-lo. Fiz um poema pra Luiza, o primeiro que fiz pra ela e você está nele. Qualquer dia coloco aqui.
beijos já cheios de saudade,
Alessandra