sábado, 5 de dezembro de 2009

Campanha Por mais livro e leitura na programação das TVs

A Campanha Por mais livros e leitura na programação das tvs era só uma ideia, uma vontade. Fiz aqui blog, no dia 18/11, uma postagem sobre a alegria de ver crianças e professores empenhados com o estudo da nossa língua, incentivados por um programa de televisão e falei também da tristeza em não ver as emissoras apostarem no livro e na leitura como potenciais transformadores da nossa realidade não-leitora. No mesmo dia, eu, a escritora e jornalista Dad Squarizi e a escritora Lucília Garcez, ambas, como eu, integrantes do grupo Casa de Autores, conversávamos sobre o enorme poder das novelas na influência de comportamentos. No dia seguinte, por conta da abertura da Feira do livro de Brasília, Dad publicou um belo artigo que transcrevo aqui com autorização dela.
E só para esclarecer, a campanha não se limita às novelas e nem mesmo à uma única emissora. O documento que estamos elaborando com apoio de várias pessoas e organizações ligadas ao livro, será entregue à diretoria da ABERT - Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV. O fato é que a mobilização surgiu depois de encontros com pessoas que trabalham na Rede Globo, especificamente na teledramaturgia.
Coincidência ou não, ontem, eu que, por falta de tempo, pouco assisto novela, vi trechos de Viver a vida, novela de Manoel Carlos, trama das 20h. Quase pulei de alegria ao ver um livro como objeto de cena durante um ensaio fotográfico na novela: a modelo segurava um livro e posava para as fotos como se estivesse lendo! A jornalista Cris Rogério da Revista Crescer, da Editora Abril e do site Ler Para Crescer contou que a cena não foi a única com livros na mesma novela. Disse que a personagem da atriz Christine Fernandes também apareceu em um dos capítulos com um livro na mão lendo uma história para o filho dormir. Que sirva de modelo. Acho mesmo que a tv pode fazer muito mais e espero que a campanha consiga sensibilizar aqueles que decidem o que entra e o que não entra em cena na tv.
Com a palavra,
Dad Squarizi:

De livros e novelas
Correio Braziliense, 19/11/2009

Dad Squarisi


“Um país se faz com homens e livros”, repetia Monteiro Lobato. E completava: “Os livros não mudam o mundo. Mudam os homens. Os homens é que mudam o mundo”. Ele acreditava no poder revolucionário da palavra escrita. Sonhava inundar o Brasil de textos variados. País atrasado, até então o Brasil importava livros. Lobato fundou a Editora Nacional. Imprimia as obras em papel inferior, de custo baixo. As tiragens grandes tornavam o produto acessível ao grande público.

Hoje gigantescas feiras se espalham Pindorama afora. A de Brasília começa amanhã.Mas somos país de não leitores. A Pesquisa Retaros da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, chegou a conclusão alarmante: excluídos os livros didáticos, o brasileiro lê 1,3 livro por ano. Em países desenvolvidos, a média gira em torno de 10. Num ranking de 30 nações, figuramos em 27º lugar.

Razões para a distância? Uma delas: alfabetização tardia. Com o atraso, o país universalizou o acesso ao ensino fundamental depois da experiência eletrônica. Foi mau começo. Outra: o preço do livro. Cobrar R$ 30 ou R$ 40 por obra torna-a inacessível para boa parte da população. Forma-se, então, o círculo vicioso. Tiragem pequena encarece o produto. Preço alto afugenta o consumidor. Mais uma: a desvalorização da leitura pela sociedade.

Como mudar o cenário? Leitura é habilidade. Requer treino. Primeiro passo: dar acesso ao livro. O preço, no caso, conta. Mas não só. Precisa-se de mediadores. Professores e bibliotecários têm papel fundamental no processo. Eles recomendam, discutem, orientam o caminho a seguir. Daí a importância da qualificação desses profissionais. Segundo passo: a valorização do livro. Impõe-se mudar a cultura.

A tevê pode desempenhar papel-chave na virada. Valem dois exemplos extraídos de novelas. Um: em Laços de Família, Vera Fischer e Reinaldo Gianecchini vestiram roupão ao saírem do banheiro. No dia seguinte, esgotou-se o estoque de roupões no comércio. O outro: a Pinacoteca de São Paulo promoveu a exposição de Rodin. A receptividade foi tímida. Toni Ramos e Natália do vale passaram um capítulo entre as obras. Desde então, as filas de entrada dobraram esquinas. Em suma: a tevê modifica comportamentos. Que tal a LEITURA fazer parte da vida de personagens como atividade prazerosa?

5 comentários:

Regina Antunes Costa disse...

Grande iniciativa! Se todos que amam os livros fizessem um pouco, tenho certeza que nosso país começaria a mudar sua triste realidade não-leitora. Sou mediadora de leitura no Rio Grande do Sul e acho que atitudes simples como a sua podem fazer diferença!
Parabéns e sucesso!

Régis Nascimento disse...

Uma vida sem livros é uma vida vazia! Tenho certeza que os diretores das novelas e dos programas não querem retratar para os telespectadores só uma vida vazia, mesmo que inventada! Achei muito pertinente a campanha. Tem meu total apoio.

Abraços,

Régis Nascimento Andrade
Bibliotecário/ São Paulo - SP

Alessandra Roscoe disse...

Regina e Régis,
Obrigada pelo apoio, muita gente vem se sensibilizando com a causa. Há vários outros depoimentos nas postagens do dia 1º de dezembro e 18 de novembro e ainda muita gente mandando mensagens de apoio para o meu e-mail. Sei que não estou sozinha e isso me dá muito mais ânimo para continuar com esta bandeira do livro e da leitura. Se vocês não conhecem, sugiro que assinem também o Manifesto por um Brasil Literário, encabeçado pelo escritor Bartolomeu Campos de Queirós e apoiado por várias entidades sérias. O endereço é: http://www.brasilliterario.org.br

Abraços para vocês dois!

Lucia Winther disse...

Nível de alfabetização baixo (analfabetismo funcional), profissionais incompetentes, evasão escolar e "doenças do aprendizado" são cada vez mais comuns no campo da educação brasileira.

Na base de tudo isso existem três barreiras que impedem a compreensão daquilo que se lê ou estuda. Essas barreiras nunca antes haviam sido isoladas como tendo tanta importância na melhoria da educação.

Não estou falando de deficiência de atenção, problemas emocionais ou estupidez. Estou falando de reações físicas e emocionais que um estudante de qualquer idade pode experimentar quando se depara com uma dessas barreiras ao estudo.

Estudantes fracassam em aprender porque nunca ninguém os ensinou como aprender, como identificar as barreiras ao aprendizado e como superá-las. Nunca antes reconhecidas como tal, essas barreiras constituem a razão principal dos fracassos educacionais.

Quais são essas três barreiras ao estudo? A resposta está na Tecnologia de Estudo Hubbard.

Este método ensina como aprender e assim abre as portas para que qualquer pessoa se tornar mais competente.

Para cursos no tema Aprendendo a Aprender entre em contato conosco.

Atenciosamente,
Lucia Winther
www.appliedscholastics.org
(11) 5081-6711

Eduardo Vasconcellos disse...

A pesquisa do Galeno chega a uma conclusão que retrata com dureza a realidade da leitura no Brasil.

Os leitores são, em sua maioria, membros de famílias de leitores, ou seja, tem prevalescido o aspecto cultural na formação do hábito da leitura da criança e do adolescente.

O adulto não pode exigir um comportamento do seu filho que não seja coerente com o seu.

Aqui na nossa casa, minha esposa e eu também tivemos o auxílio da tv para incutir o hábito da leitura em nossos três filhos: nós a desligamos há oito anos. E montamos uma biblioteca em casa.

No princípio pareceu difícil mas com o tempo eles acostumaram e hoje são leitores vorazes.

Mas eu acho válida a proposta de influenciar o comportamento do povo através da mídia, pois seu poder é surpreendente.

Por isso estarei divulgando a campanha em nosso blog: mispacultural.wordpress.com e no nosso jornal: www.ofarol.inf.br

sorte e que Deus abençoe a sua obra