quinta-feira, 9 de julho de 2009

O espaço da infância

Em tempos de computador, tv e video-game, o espaço de brincar, praticamente deixa de existir no dia-a-dia da meninada. Falta a brincadeira na rua, no quintal, faltam os jogos com a família, o tempo para os livros, as histórias, para cantar, rir e chorar junto. A infância moderna ganha em tecnologia, acesso e informação, mas perde e perde muito em intensidade. Quando me pego grudada nas páginas de Manoel de Barros, que carrega água na peneira, ou quando percebo os olhos em rio, depois de ler em Bartolomeu Campos de Queirós as descrições tão puras dos cheiros e das cores da infância simples no interior não posso deixar de lastimar o que perdem os pequenos hoje. Em casa temos que limitar o tempo na frente do computador e diante da tv e precisamos inventar a "quintalcana", uma gincana toda no quintal pra fazer com que os meninos vejam o sol, sintam a brisa e ouçam o canto dos pássaros. A sensação que me vem é a de que as crianças de hoje têm tudo e não têm o melhor: o espaço de inventar, de explorar. Acho que há lugar pra tudo, a tecnologia rompe distâncias, é fundamental e pode, sim, servir de instrumento para costurar uma rede de trabalhos e ações, mas é preciso ter cuidado e não roubar de nós mesmos as horas da simplicidade, das brincadeiras, do pé no chão!

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