A natureza tem o dom divino de me surpreender sempre. Esta explosão de cores faz parte do meu cenário diário: o Ipê que passa quase o ano todo esquecido na rua que dá acesso à minha casa, vez ou outra, inadvertidamente, em pleno fevereiro, decreta em roxo sua primavera e cospe buquês de um lilás intenso, quase que da noite para o dia! Numa terça, parecia inerte em seus marrons, só os galhos secos retorcidos. De repente, no meio da quarta-feira, como se pintado a mão por algum impressionista, ele tinge a paisagem...
Uma semana já se vai do presente inesperado e estonteante e outra constatação me faz ganhar o dia. O ipê do cerrado é também um sopro de esperança ao mostrar que mesmo a decadência pode ser incrivelmente maravilhosa. Talvez amanhã volte a ser apenas lembrança de primavera, emaranhado de galhos secos, mais uma árvore entre as tantas que completam o cenário da rua, esquecida, sem cor, sem nada... No entanto, já terá inundado o olhar, a memória e o sentimento de tanta gente! Já nos terá feito pensar neste ciclo interminávél da vida e terá escrito com suas pétalas no ar e no chão: SEMPRE VALE A PENA!
A árvore se desmancha no gramado, se transforma, como nós nos transformamos o tempo todo , fica o tapete perfumado que muitos olhares apressados se esquecem de enxergar! Eu parei, respirei bem fundo e com receio de que a memória um dia me roube esta alegria tão plena, decidi eternizar em imagens e palavras a beleza que tive a sorte de contemplar. Mais do que isso, decidi partilhar toda a beleza!
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