Muito se fala hoje em dia na importância de incentivar o amor pelos livros desde os primeiros dias de vida. Nunca duvidei dos benefícios que as leituras em voz alta para bebês podem trazer em favor de futuros leitores. Tenho três filhos e com os três experimentei momentos muito intensos junto aos livros e mesmo antes do berço: quando ainda estavam mergulhados no aconchego do universo amniótico. Os dois mais velhos se tornaram parceiros na literatura e Luiza, a caçula, por enquanto tem sido inspiração - o livro-cd História pra boi casar, com uma narrativa poética em forma de cantiga foi feito pra ela, numa noite em que se recusava a se entregar ao sono, já numa quase madrugada. Juntando memórias, retalhos de cantigas e histórias que embalaram minha própria infância fiz a música, que depois cresceu pra virar história e foi buscar na oralidade e na Cultura Popular outras lembranças e muitas referências. E assim como na barriga, os pequenos ficam aconchegados, é fundamental criar, na hora da leitura um ambiente aconchegante em que o afeto fale mais alto. Minhas leituras em voz alta para a Luiza começaram assim que eu soube que estava grávida. Li de tudo para ela, mesmo os livros que eu estava lendo durante os nove meses de co-habitação, de Guimarães Rosa a Bartolomeu Campos de Queirós, passando por Ítalo Calvino, Muriel Barbery, Clarice Lispector e claro La Fontaine, Lobato, Cecília Meireles e tantos outros. Muita gente se assusta quando conto que fazia em voz alta as minhas leituras - não apenas os livros de Literatura Infantil - para a "barriga" e, tenho certeza hoje, que esses nossos momentos plantaram em Luiza a semente da paixão pelos livros. Os irmãos mais velhos disputavam diariamente ,durante toda a minha gravidez, qual dos dois contaria a história para o bebê, era um ritual repleto de carinho! Luiza nasceu em meio às histórias, frequentando feiras literárias e brincando de ler. Em casa, livros por toda a parte, brinquedos também, mas o curioso é que mesmo com pouco mais de um ano de idade, Luiza pede para lermos para ela, escolhe os livros e muitas vezes coloca a família toda sentada para "ler" para nós. Não me lembro de atitude semelhante com os brinquedos. Semana passada, contei aqui o episódio da primeira mediação de leitura que ela fez para os brinquedos no berço e lamentei não ter registrado o momento, mas não precisei esperar muito. Ela tem verdadeira paixão por um livro de pop-up da Claudia Bielinsky, publicado pela Companhia das letrinhas: Peixinhos, Peixinhos. Um livro bem divertido, repleto de cores e que apresenta peixes de tudo que é jeito. Na capa, peixinhos que nadam com o toque dos dedos, uma diversão! Já havia notado que o lugar preferido de Luiza para ler este livro é a cozinha da casa, tanto que acabei deixando o livro na estante de lá - sim! Até na cozinha temos livros, e agora não só os de receitas! . Hoje pela manhã percebi o motivo: Luiza sempre faz a sua leitura para o peixinho do Felipe, que mora num aquário na cozinha!
Dá boas risadas descobrindo os tantos peixes que moram no livro e...
Mostra as ilustrações para o felizardo da hora: Rafa, o peixe do Lipe. Assim mesmo, sentadinha no chão, só de fralda, Luiza faz uma de suas mediações preferidas. Preciso dizer mais alguma coisa?
2 comentários:
Maravilhoso! Que momento lindo!
Tânia,
Tenho vivido muitos momentos assim com Luiza! Com os dois maiores também! É uma delícia ver a família toda reunida em torno dos livros, da música, da arte! Um privilégio!
beijo.
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